Fundinho



Chega-se a uma altura da vida e queremos o impossível.
Chega-se a uma altura da vida e dou comigo a falar no passado e a pô-lo em gavetas bem arrumadinhas, isto é, em gavetas fechadas (sem chave), que parecem arrumadas, mas a bagunça que vai lá dentro por vezes é caótica.
Já divido o passado em décadas e não em anos!! Apesar de ainda ter algumas gavetas, não vão chegar.
Disseram-me, um destes dias, que a moral é uma questão de tempo! Não sei se concordo... quando se tem a alma na boca ninguém pensa na moral. É verdade!
Quero tomar a decisão correcta, tendo em conta a moral e também a alma que quase me sufoca. Não é possível!
A vontade de fazer qualquer coisa é muita mas não sei bem o quê.
O pulso bloqueia e o dedo treme perante as teclas com demasiadas letras, um toque mal dado pela indefinição pode deitar tudo a perder, não sei o quê, mas a verdade é que pode mesmo. Posso escrever na mesma tendo a certeza que no final uma só tecla apaga tudo, é fantástico. Resmungo, ambiciono e idealizo na mesma, tranquiliza-me ter esta hipótese. No final, sorrio como um rei, controlo tudo.
Pode ser um acto suicida, desprender um dos meus maiores segredos numa simples palavra colocada no sítio errado. Quando queremos muito uma coisa, mas por alguma razão se faz pouco ou nada por isso, e guardamos segredo, por muito tempo... corre-se o risco de se afeiçoar tanto ao segredo que não nos conseguimos desprender e começa-se a ver o que queremos ao longe.
A velocidade com que a lógica me assalta agrava as minhas dúvidas.
Sobre o tampo de vidro da secretária(os outros dois já dormem), vejo o reflexo do copo vazio mas que me encheu como uma qualquer poção, onde a alegria a calmia e a clarividência são os efeitos secundários, ante a crua realidade não é mau.

1 comentário:

Klinken disse...

Parece-me k entraste num dos meus sonhos e o descreveste como se fosse teu... K bizarro... Tanta coincidência junta!!!